quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Passagem de ano

Para onde?
Chega-se ao fim de Outubro e parece que já nem se pensa noutra coisa senão no local onde vamos passar o próximo reveillon!
Por mim continuo a dizer o que tenho dito nos anos anteriores, o local nem é a coisa mais importante. Importante mesmo é ser com um grupo, de preferência grande, de amigos. Quantos mais melhor.
Até sou sincero, já tou farto do Algarve, lá nada muda, sempre tudo igual.
Acabamos por fazer sempre as mesmas coisas, um jantar melhorado, bebida a condizer, álcool à mistura quanto baste, fogo de artifício à meia noite, promessas e pensamentos num melhor ano, abraços e comemorações e dançar noite fora.
Mas a ver vamos...

10ª Crónica "Síndrome de sonho de jogador"


Lembro-me quando era pequeno e como adorava sonhar... Sonhava o habitual de qualquer criança, nada de extraordinário ou diferente. E quando o futebol surge na rotina ou quotidiano de um petiz e se começam por dar uns pontapés numa qualquer redondinha na rua com os vizinhos, todos sonhamos vir um dia a ser grandes craques, tal e qual aqueles que víamos na TV, aqueles da nossa equipa.Pegando na introdução desfaço logo um mito "um árbitro não tem clube". Mentira! Óbvio. Para se ser árbitro é preciso gostar-se imenso do futebol, é uma actividade amadora, daquele que ama o que faz, para se gostar assim tanto teve que haver um início em que claramente tínhamos um clube preferido. Muito dificilmente alguém aos 10 anos gosta de futebol só por gostar, e discute o tema como se gente grande fosse. Não, não é assim. Gostamos no geral, mas temos a preferência em particular.Voltando ao tema… Será que algum miúdo poderá vir a sonhar ser árbitro? Dificilmente. Então quando poderá surgir esta mera hipótese na adolescência? Apenas aparecerá caso não tenhamos demonstrada a capacidade para vir a ser um jogador de eleição. Se assim fosse seria esse o nosso caminho.Num dos últimos fins-de-semana ouvi uma curiosa interjeição dum espectador "se tu percebesses de bola tavas era a jogar!". Será que se aqueles jogadores que eu estava a arbitrar percebessem de bola não estariam num Barcelona ou Real Madrid? Não entremos por ai. Também se diz que para ser um bom treinador, só tendo sido um grande jogador, e olhem o Mourinho! São apenas dogmas.Provavelmente 90% dos árbitros foram jogadores ou projectos disso e não tendo grande qualidade enveredaram por outro papel. Porque "a bola" continuava no pensamento, não tinha era chegado à técnica de execução.É verdade, temos a síndrome de jogador falhado. Mas nem por isso temos menos paixão pela modalidade. Hoje muitas vezes paro para pensar e pergunto o que faria se não fosse árbitro. Não sei, e vocês? Talvez fosse treinador, quem sabe.Pois é, talvez sim, talvez não, mas mesmo não tendo tudo o que sonhei em criança, sonhei depois com tudo que tenho e assim continuo sonhando com o futebol que tanto deleite me continua a dar.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

9ª Crónica - Quantos minutos tem um jogo de futebol?

«Prefiro a liga inglesa, ali os jogos duram noventa minutos. Em Itália e Espanha há um pré-jogo e um pós-jogo», diz José Mourinho. Também em Portugal assim o é, a nossa cultura tão latina dá-nos esses predicados.
Qual a duração de um jogo de futebol? Não é uma pergunta com uma pergunta tão linear quanto possa parecer.
Há jogos de 90 minutos sem história, outros com estórias, existem outros que duram toda a semana (a anterior e a posterior!) e há até jogos que se perpetuam por toda uma vida!
Quando Mourinho compara o modo de estar britânico com o nosso põe a nú essas diferenças ideológicas entre as culturas. Talvez o futebol tenha tido o seu início ou desenvolvimento fulguroso no Reino Unido, no entanto é por cá que é vivido com mais garra, outro calor.
Em Portugal existem 3 jornais desportivos diários, em Espanha e Itália outros tantos. Em Inglaterra o jornal generalista "tablóide" disponibiliza 4 páginas de resumo do desporto.
Por cá todos avaliam os árbitros, há especialistas em todas as rádios, jornais, portais de futebol, todo o mundo é entendido na matéria. Qualquer lance é esmiuçado, repetido e visionado vezes sem conta. A actuação do árbitro está sempre em foco e sempre são encontrados erros, naturalmente. É um combate terrível entre o árbitro e os lances vistos pela TV.
Talvez um dia as novas tecnologias permitam uma quase eliminação do erro humano, mas aí o futebol perderá alguma da sua cor, do seu entusiasmo, do seu êxtase. Futebol sem polémica e sem discussão não existe, de que falarão depois os adeptos à 2ª Feira? da crise económica? Não! O futebol é um refúgio espectacular de todos os outros assuntos que nos preocupam.
Daí que a pergunta que dá nome à reflexão desta semana não tenha uma resposta inteiramente certa. Um jogo de futebol pode ser eterno!
P.S.: Terá início em Novembro um novo curso de árbitros de Futebol de 11 na A. F. Beja, ainda estão abertas as inscrições. Aproveitem. É grátis!

8ª crónica - "É mais fácil olhar para fora da janela que para o espelho"

Esta frase pertence a Vítor Pereira, presidente da Comissão de Arbitragem da LPFP, numa das suas últimas afirmações públicas. Uma clara indirecta em jeito de farpa aos autores das críticas que se tem ouvido nas últimas jornadas.
Fazendo uma analogia entre os campeonatos profissionais e o nosso distrital, é óbvio que também aqui se encaixa a mesma permissa. Também aqui mais tarde ou mais cedo vão aparecer as vozes indignadas desta ou daquela apitadela.
Quando se exerce a função de árbitro, sendo pública, está-se sujeito ao escrutínio e à crítica de quem compete e de quem visiona os jogos.
A cara de quem perdeu nunca será igual à de quem ganhou, e o caminho mais fácil é muitas vezes apontar e enumerar os erros cometidos...pela equipa de arbitragem, mesmo que não se tenha produzido um futebol capaz, isso não se reconhece, fica apenas para a palestra do próximo treino, coisas apenas ditas dentro do balneário. Para fora as pessoas gostam de exteriorizar dando as culpas aos outros, pressionando desde logo os árbitros dos próximos jogos.
Um defesa que coloca em jogo os avançados levanta o braço e atira o odioso para cima do assistente, um treinador em maus lençóis queixa-se de ser prejudicado, um dirigente desgostoso com o investimento feito sem resultado queixa-se do sistema. É recorrente, não devia mas já é habitual, tão normal que o "pós jogo" qualquer dia não tem interesse. Nem devia! Todas as semanas o mesmo tipo de declarações, já estamos formatados para não as valorizar grandemente.
Porque após o apito do árbitro pouco mais há a dizer, só já se pode mudar dai em diante.
Mas, sejamos honestos, quem quiser ser árbitro e esteja à espera duma carreira pública só com elogios bem pode recuar e procurar outro hobbie. Também nesse parâmetro os homens do apito devem ter poder de encaixe, saber destrinçar as críticas construivas, das desculpas dos derrotados. Saber ouvir para melhorar, identificar os pormenores menos bons para torná-los melhores.
Também aqui há a reciprocidade da frase que dá título a estra crónica, e não tenham os árbitros sempre a vontade de chutar para canto todas as críticas, fazendo ouvidos de mercador. Muitas vezes também nós finalizamos um jogo insatisfeitos, mas longe de nós virmos desculpar-nos para as rádios ou jornais com argumentos esfarrapados.
É assim o futebol, é assim a nossa cultura latina, no desporto como na vida todos gostam de levar à letra a máxima "quem não pede não ouve deus", e então todos nos queixamos, cada um com a sua música, cada um consoante a sua dor!

7ª Crónica - Já começou o distritalão

Iniciou no passado domingo mais uma época desportiva em termos da maior competição desportiva da A. F. Beja. Durante 26 jornadas vão entrar 15 equipas em campo para tentar obter a melhor classificação e performance possível.
Sim 15, pois a juntar às 14 equipas, temos a equipa dos árbitros! Também nós estávamos sedentos e saudosos de jogos, a fome de bola já apertava em grande medida.
Ano após ano a arbitragem rejuvenesce. Novos valores sobem à 1ª Categoria Distrital e tentam ganhar o seu espaço de afirmação. E todas as épocas também na arbitragem há os candidatos naturais, mas também surgem os outsiders, a correr por fora, e à espera de uma escorregadela de quem vai na dianteira. É assim o nosso mundo, afinal tão diferente mas igual a toda a competição desportiva. Todos queremos ser os primeiros.
Os árbitros estão conscientes da sua responsabilidade, e sabem perfeitamente que para atingir um objectivo, tem que trabalhar muito. Não chega treinar, tem que se estudar, preparar psicologicamente e claro está ter a estrelinha da sorte. A nossa formação de hoje é muito melhor, temos que ser melhores do que já fomos, o nível tem que subir.
Sei que pedir aos treinadores e dirigentes das equipas para que não se preocupem em demasia com os árbitros e nomeações, é pedir demasiado, mas ainda assim tento sensibilizar nesse sentido. É necessário acreditar na idoneidade do sector, dar-lhe tranquilidade, evitar pressões.
Erros vão existir hoje e sempre, é um mal necessário. Preparem-se para serem beneficiados e admitir, e ser penalizados e não explodir.
E quando chegarmos a meados de Maio estarão encontrados os verdadeiros campeões, os que a classificação ditar e principalmente todos os outros que tenham conseguido manter uma postura positiva de fair play!
Contem com o sector da arbitragem empenhado em estar ao nível da competição

6ª crónica - Ser árbitro de futebol não é para quem quer, é para quem tem jeito

Todos conhecemos histórias, e todos conhecemos aquela de um gaiato que um dia quis ser jogador de futebol, que gostava tanto de dar uns pontapés na redondinha que só não dormia com ela porque os seus pais não o deixavam. Todavia não era carreira que ele pudesse seguir, não tinha qualidade para tal, pelo menos não passaria dos campos distritais. Ou também conhecem aquela história da menina que queria cantar, mas a voz não ajudava.
Esta introdução serve para dizer que talvez os árbitros não são todos aqueles que não conseguiram ser jogadores de futebol, ou todos aqueles que não tem ocupação de fim-de-semana. Terá que existir algum talento inato.
Nos distritais há muitos casos de árbitros que ao fim de pouco tempo (2/3 épocas) de actividade acabam por desistir e dedicar o seu tempo a outra coisa qualquer.
Ser árbitro de futebol não é para quem quer, é pois para aqueles que tem mais jeito e o demonstram, o desenvolvem, o lapidam e se esforçam. A ideia de que qualquer pessoa pode ir para um campo de apito na boca ou bandeirola na mão afigura-se pois completamente errada.
Em primeira instância estão as condicionantes do perfil psicológico ou temperamental. Cada pessoa tem o seu carácter, a sua auto confiança, que nem sempre é imune ao choque da relação com o público. Um árbitro deve ter total controlo do seu equilíbrio emocional, para nos momentos mais complicados não vacilar.
Depois vem a condição física. Antigamente tínhamos o mal falado teste cooper, autêntica dor de cabeça que tirava horas de sono a muitos, mas daí já se fez história e os actuais testes físicos não são nada dóceis. Se alguém chega aos 20 anos e adere à arbitragem, não tendo hábitos desportivos de rotina ou preparação física adequada então vai ter um árduo caminho a percorrer.Em seguida o gosto pelo futebol também é importante, um árbitro é amador, é aquele que ama o que faz. Um árbitro tem que gostar muito de futebol. Entendê-lo, percebê-lo, saber a sua história e a sua génese, que lhe dará no terreno maior astúcia e perspicácia. Um árbitro tem que ler o jornal desportivo e estar actualizado com o desporto rei.
Um Árbitro para além de ser preparado para julgar, é um ser humano com vida pessoal. E aqui também se toca num ponto essencial. Não se é só árbitro no estádio. É-se árbitro toda a semana e toda e qualquer atitude menos própria no nosso dia a dia nos pode porventura nos descredibilizar.
Queres ser árbitro? Demonstra organização, disciplina, responsabilidade e cumpre os horários e compromissos, pois estes são os princípios fundamentais para se obter sucesso e reconhecimento.
A propósito de tudo isto vai abrir um curso de Árbitros de Futebol de 11 na A. F.Beja. Quem se considera preparado para o desafio?