segunda-feira, 25 de outubro de 2010

6ª crónica - Ser árbitro de futebol não é para quem quer, é para quem tem jeito

Todos conhecemos histórias, e todos conhecemos aquela de um gaiato que um dia quis ser jogador de futebol, que gostava tanto de dar uns pontapés na redondinha que só não dormia com ela porque os seus pais não o deixavam. Todavia não era carreira que ele pudesse seguir, não tinha qualidade para tal, pelo menos não passaria dos campos distritais. Ou também conhecem aquela história da menina que queria cantar, mas a voz não ajudava.
Esta introdução serve para dizer que talvez os árbitros não são todos aqueles que não conseguiram ser jogadores de futebol, ou todos aqueles que não tem ocupação de fim-de-semana. Terá que existir algum talento inato.
Nos distritais há muitos casos de árbitros que ao fim de pouco tempo (2/3 épocas) de actividade acabam por desistir e dedicar o seu tempo a outra coisa qualquer.
Ser árbitro de futebol não é para quem quer, é pois para aqueles que tem mais jeito e o demonstram, o desenvolvem, o lapidam e se esforçam. A ideia de que qualquer pessoa pode ir para um campo de apito na boca ou bandeirola na mão afigura-se pois completamente errada.
Em primeira instância estão as condicionantes do perfil psicológico ou temperamental. Cada pessoa tem o seu carácter, a sua auto confiança, que nem sempre é imune ao choque da relação com o público. Um árbitro deve ter total controlo do seu equilíbrio emocional, para nos momentos mais complicados não vacilar.
Depois vem a condição física. Antigamente tínhamos o mal falado teste cooper, autêntica dor de cabeça que tirava horas de sono a muitos, mas daí já se fez história e os actuais testes físicos não são nada dóceis. Se alguém chega aos 20 anos e adere à arbitragem, não tendo hábitos desportivos de rotina ou preparação física adequada então vai ter um árduo caminho a percorrer.Em seguida o gosto pelo futebol também é importante, um árbitro é amador, é aquele que ama o que faz. Um árbitro tem que gostar muito de futebol. Entendê-lo, percebê-lo, saber a sua história e a sua génese, que lhe dará no terreno maior astúcia e perspicácia. Um árbitro tem que ler o jornal desportivo e estar actualizado com o desporto rei.
Um Árbitro para além de ser preparado para julgar, é um ser humano com vida pessoal. E aqui também se toca num ponto essencial. Não se é só árbitro no estádio. É-se árbitro toda a semana e toda e qualquer atitude menos própria no nosso dia a dia nos pode porventura nos descredibilizar.
Queres ser árbitro? Demonstra organização, disciplina, responsabilidade e cumpre os horários e compromissos, pois estes são os princípios fundamentais para se obter sucesso e reconhecimento.
A propósito de tudo isto vai abrir um curso de Árbitros de Futebol de 11 na A. F.Beja. Quem se considera preparado para o desafio?

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